Munições perfurantes de blindagem em plataforma Mk 38 de 25 mm do porta-aviões USS Gerald R. Ford da Marinha dos Estados Unidos


Oceano Atlântico 
8 de Novembro de 2025

Remuniciamento de uma das quatro plataformas de operação remota Mk 38, equipadas com peça M242 Bushmaster de 25mm, do porta-aviões USS Gerald R. Ford (CVN 78) da Marinha dos Estados Unidos ("U.S. Navy"), a 8 de Novembro de 2025, cruzando o Oceano Atlântico rumo ao Teatro de Operações da Caraíbas. Na mão do militar norte-americano uma das munições, estando removida a capa do nariz, exibe o sub-projéctil de tungsténio.
Equipado com colete vermelho denotando especialidade dedicada à operação com munições, explosivos e ao socorro a incidentes e combate a incêndios, o militar norte-americano manuseia aqui munições de calibre 25×137 mm da tipologia Perfurante de Blindagem com "Sabot" Descartável — Tracejante ("Armor Piercing Discarding Sabot - Trace", APDS-T), modelo M791 do fabricante norte-americano General Dynamics Ordnance and Tactical Systems. Têm um um comprimento total de 223 mm, um massa de 454 gramas (projéctil de 134 gramas e componente de penetração de 102 gramas). com um velocidade inicial de 1 345 m/s que lhe permite alcançar 1,5 km em 1,2 segundos e até 3 km em 3 segundos.
O processo de disparo e balística terminal de uma munição APDS-T inicia-se com a percusão do fulminante e consequente ignição da carga propulsora no interior do invólucro, que força o "sabot" (invólucro exterior do projéctil em material polimérico) e o subprojéctil (núcleo perfurante em metal de alta-densidade) a acelerarem em conjunto no interior do cano, com o "sabot" a servir de guia para o núcleo subcalibrado. Ao deixar a boca da peça, as forças aerodinâmicas fazem com que o "sabot", já sem o suporte lateral do cano, se separe e seja descartado, permitindo que apenas o núcleo de tungsténio, de menor diâmetro e alta velocidade, prossiga a trajectória, estabilizado pela velocidade e rotação. Na balística terminal, este projéctil, devido à sua alta energia cinética concentrada numa área muito pequena, penetra a blindagem do alvo, e criando um efeito de estilhaçamento ("spalling") dentro da estrutura ou compartimento visado.
O termo "sabot" tem a sua origem etimológica na expressão francesa que designa um tamanco ou soca de madeira (do francês antigo "çabot") — que, protegendo e suportando o pé e sendo facilmente descalçado, tem aqui correspondência no bloco descartável que protege e apoia o subprojéctil no interior da peça que o dispara.
O USS Gerald R. Ford (CVN 78) está armado com quatro plataformas Mk 38, duas delas em cada um dos bordos junto à ré, em plataformas sobressaídas (ditas "sponsons" ou "gun tubs") abaixo da linha do convés de voo; e as outras duas, à vante, mais recuadas, em cada um dos bordos, logo abaixo do convés de voo. As Mk 38 operam aqui integradas na camada de auto-defesa cinética de última linha (a par das três CIWS), contra ameaças de superfície (ou aéreas). Sustentam uma cadência de tiro de até 180 disparos por minuto (com modo de tiro selectivo automático, de rajada de três disparos ou de tiro único), com um alcance efectivo de 2 500 metros e máximo de 6 800 metros, equipados com sensor electro-óptico (com visão infra-vermelho), telemetria laser e capacidade de seguimento automatizado de objectivos. São municiadas em arquitectura de "dual feed", podendo alternar entre duas tipologias de munição (alto-explosivo incendiário ou perfurante de blindagem), com um total de 168 (84+84) disponíveis em carga.
Liderando o "Carrier Strike Group 12" (CSG12), o USS Gerald R. Ford (CVN 78), sob comando do (OF-5) Capitão-de-mar-e-guerra David Skarosi, foi referenciado, após cruzar o Estreito de Gibraltar rumo a Oeste a 4 de Outubro de 2025, a operar no Teatro de Operações das Caraíbas, a 13 de Novembro de 2025, acompanhado dos três "destroyers" da classe Arleigh Burke da sua escolta actual (USS Winston S. Churchill, DG 81; USS Mahan, DDG 72; e USS Bainbridge, DDG 96), sendo sobrevoado a baixa altitude por um bombardeiro estratégico B-52 Stratofortress, da Força Aérea dos Estados Unidos ("U.S. Air Force") e por vários F/A-18E/F Super Hornet dos esquadrões embarcados.
Ao serviço desde 22 de Julho de 2017, com o nome do 38.º Presidente dos EUA, trata-se do maior porta-aviões existente, deslocando 100 000 toneladas, com 337 metros de comprimento, 41 metros de boca junto à linha de água e 78 metros no convés de voo. Propulsionado por 2 reactores nucleares Bechtel A1B PWR, alcança uma velocidade máxima de 30 nós. Com uma guarnição de mais de 4 500 elementos, possui um convés de voo de 333 metros por 77 metros, equipado com 4 catapultas electromagnéticas (EMALS) e 3 elevadores para aeronaves, podendo transportar mais de 75 das ditas - compreendendo F/A-18E/F Super Hornet e EA-18G Growler, E-2C Hawkeye e MH-60R/L Sea Hawk.


Foto por Paige Brown | Marinha dos Estados Unidos ("U.S. Navy").

Diagrama anotado da munição APDS-T, modelo M791, seleccionado, editado e traduzido por "Espada & Escudo" a partir de original in "U.S. Army Field Manual 3-22.1 (FM 23-1)", 28Nov2003, Fig 2-8 (distribuição pública sem limitações).





Foto de referência, a 9 de Outubro de 2025, de Mk 38 em operação durante exercícios de fogo-real do USS Gerald R. Ford (CVN 78) no Mar Mediterrâneo. Foto por Alyssa Joy | Marinha dos Estados Unidos ("U.S. Navy")




Visão em corte de um exemplar inerte de investigação e desenvolvimento | via IAA (Internacional Ammunition Association, Inc.) Forum





Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Centauro" e "Príncipe" da Marinha Portuguesa na Ilha do Príncipe

"DRONE" DE FABRICO PORTUGUÊS NA UCRÂNIA

Ataque subaquático das Forças Ucranianas à Ponte de Kerch