Caçador Pára-Quedista português com espingarda automática AR-10 e granada Instalaza FTV
Província Ultramarina de Angola, Portugal
1972
Militar da 3.ª Companhia de Caçadores de Pára-Quedistas (3CCP) do Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas N.º 21 (BCP21) da Força Aérea Portuguesa (FAP), no decurso da Guerra do Ultramar, no Leste da Província Ultramarina de Angola, em 1972, armado com espingarda automática Armalite, AR-10, calibre 7,62x51mm NATO, equipada com granada Instalaza FTV (40mm).
A AR-10 foi desenvolvida por Eugene Stoner em meados da década de 1950 e produzida pela ArmaLite - à época uma divisão da norte-americana Fairchild Aircraft Corporation. Foram produzidas, desde 1956, cerca de 9 900 unidades. Em 1961, a República Portuguesa encomenda um lote 5 000 unidades, fabricadas, sob licença, pela holandesa Artillerie-Inrichtingen (A.I.). A imposição de sanções contra Portugal pelo Governo Holandês, liderado por Jan de Quay, levaria à interrupção, nesse mesmo ano, do fornecimento após a entrega de 1 550 unidades. A AR-10 daria origem à plataforma AR-15, desenvolvida por L. James Sullivan, e esta, com propriedade intelectual vendida em 1959 à Colt, daria origem à M16 que entraria ao serviço das forças dos EUA em 1964.
A granada FTV, concebida e fabricada pela espanhola Instalaza, sediada e com produção, desde 1943, em Zaragoza (Aragon), possui um carga de duplo propósito que combina uso anti-carro (carga moldada) e anti pessoal (400 a 500 fragmentos). Após o disparo da granada, propulsionada com uma munição standard, a arma ficava imediatamente pronta para disparar, pois o sistema, além de projectar a granada, ciclava a acção colocando uma nova munição na camara. Este sistema, concebido para operar com munição standard, era substancialmente mais simples e seguro do que o requerido pelo Dilagrama (m/65) usado com a G3, que requeria o uso de uma munição de salva específica para o efeito - sujeito, caso fosse usada uma munição standard, a desfecho catastrófico com detonação prematura da granada e efeitos letais para o atirador.
O Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 21, afecto à 2.ª Região Aérea da FAP, serviu na Província Ultramarina de Angola de no período de 8 de Maio de 1961 a 10 de Novembro de 1975, tendo sido o primeiro batalhão de pára-quedistas afecto à Guerra do Ultramar. Em Dezembro de 1972, sob comando do Capitão José Manuel Garcia Ramos Lousada, a 3CCP aniquilaria, na Chana da Cameia (Moxico), o Esquadrão "Voyna" (do russo "Война", "Guerra"), unidade de "elite" da guerrilha independentista então em manobra no corredor de infiltração e exfiltração entre o Leste de Angola e a Zâmbia.
Foto e legenda via Sargento-Mor Paraquedista (Reformado) Alfredo Serrano Rosa
Mapa infográfico do Leste de Angola, no contexto de 1971, mostrando os "corredores" das acções dos movimentos independentistas guerrilheiros a partir das suas bases na Zâmbia. Esquadrão "Voyna" ["Voina"] denotado com o número 1. Mapa infográfico via A25A.
"Crachat" do Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 21 (BCP21) da FAP



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