Drones aéreos das forças ucranianas atacam navio petroleiro da "Frota Fantasma" em águas internacionais do Mar Mediterrâneo entre a Líbia e a Grécia


Mar Mediterrâneo 
18 de Dezembro de 2024

Ataque por drones aéreos do Grupo Especial "Alfa" dos Serviços de Segurança da Ucrânia ("Служба безпеки України", СбУ; "Sluzhba Bezpeky Ukrayiny", SBU) contra o navio petroleiro QENDIL (IMO 9310525, "callsign" A4FB6), referenciado e sancionado como parte da "Frota Fantasma" da Federação Russa, a operar aqui com pavilhão de Omã, em águas internacionais do Mar Mediterrâneo, a 18 de Dezembro de 2025, cerca das 23:00 UTC, a 182 milhas náuticas a Norte de de Benghazi, Líbia, e a 148 milhas náuticas de Methoni, Grécia, aprox. 35.12553, 19.48277, navegando, em vazio de carga, com rumo 288.6° (Oeste) a cerca de 13 nós.
Foi antes referenciado a descarregar petróleo no porto Indiano de Sikka e, em retorno, cruzado o Canal do Suez pelas 07:26 UTC de 16 de Dezembro de 2025, regressando ao terminal petrolífero de Ust-Luga ("Усть-Луга"), Báltico, na Federação Russa, a cerca de 110 km a Oeste de São Petersburgo, a sua segunda maior cidade. Após o ataque, o QUENDIL inverteu o seu rumo, passando a navegar a 103° - 107°, para Leste. Navega actualmente, pelas 12:17 UTC de 19 de Dezembro, a 11 nós, com rumo 30° (Norte-Nordeste), para o porto turco de Aliaga ("Aliağa"), que deverá alcançar, dentro de 2 dias, a 21 de Dezembro de 2025.
O navio QENDIL (ex-OILSTAR), foi contruído em 2006 nos estaleiros japoneses de Shin Kurushima Sanoyas, como um petroleiro de 115 338 toneladas com 249 metros de comprimento e 44 metros de boca. Detido pela companhia omanita QENDIL MARINA LLC e gerido pela chinesa Ning Hu Shipmanagement, está referenciado pela União Europeia, Reino Unido (OFSI), Austrália e Suíça na lista de navios indiciados e sancionados nos termos de acção como parte da dita "Frota Fantasma".
O termo "Frota Fantasma" (ou frota "sombra"), que integra as tipologias de risco da "Dark Fleet" e da "Grey Fleet", constitui um fenómeno estrutural adoptado por analistas de transporte marítimo, como a Lloyd’s List Intelligence, e especialistas em regimes coercivos. Esta vasta e crescente rede de petroleiros (estimada entre 300 a 600 unidades) tem como objectivo primário eludir o regime de sanções financeiras e as regulamentações internacionais aplicadas ao petróleo de jurisdições sancionadas, designadamente a Federação Russa, na sequência da sua invasão da Ucrânia em 2022. Tais navios operam maioritariamente sob bandeiras de conveniência de baixo custo regulatório, caracterizando-se pela opacidade deliberada nas estruturas de titularidade final (UBO) e, frequentemente, pela ausência ou deficiência de cobertura P&I (Protecção e Indemnização). A utilização desta frota paralela permite manter o fluxo global da produção de crude, mesmo sob sanções, mas suscita sérias preocupações internacionais no que concerne à mitigação do risco de sinistralidade marítima e poluição ambiental, dada a sua deterioração do estado estrutural e deficiente classificação técnica, bem como o recurso a práticas de transporte enganosas (DSP, "Deceptive Shipping Practices"), como as operações de transbordo no mar (STS, "Ship-to-Ship Transfers").







Vídeo a partir de Serhii Sternenko via SBU com fotos seleccionadas e editadas por E&E





Nota de georreferenciação aproximada, por Espada & Escudo, sobre cartografia Google Maps com dados AIS via Vessel Finder






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