Plataforma portuguesa de investigação oceanográfica até 1 000 metros de profundidade em operação e em publicações científicas internacionais


Região Autónoma dos Açores 
2024-2025

A plataforma "Azor Drift Cam" com capacidade de operação até aos 1 000 metros de profundidade e destinada à recolha de dados e imagens da profundidade oceânica, foi desenvolvida no contexto do OKEANOS - Instituto de Investigação em Ciências do Mar da Universidade dos Açores, com sede na Horta, Ilha do Faial, tendo já operado, nos últimos 5 anos, mais de 380 dias no mar, realizado mais de 1 200 mergulhos em quase 2 centenas de locais diferentes da Zona Económica Exclusiva da Região Autónoma dos Açores, filmando mais de 700 km do leito oceânico ao longo de 1 200 horas de vídeo num volume total de informação de 65 TB.
Desenvolvida totalmente no Faial a partir de 2015, e com os primeiros testes operacionais desde 2016, a plataforma opera desde 2019 com vista ao mapeamento e caracterização de habitats marinhos vulneráveis ("Vulnerable Marine Ecosystems", VME); apoio à gestão de áreas marinhas protegidas (AMP); e a validação de dados acústicos recolhidos por sonar. Foi integrada em missões científicas oficiais como, em 2018-2019, nas campanhas da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental. Foi utilizada em projectos internacionais como ATLAS (2016-2020) e iAtlantic (2020-2024), para mapeamento de habitats bentónicos de profundidade.
Esta plataforma, com um custo inferior a 15 mil Euros, usando componentes "off the shelf" e "user friendly", representa uma fracção do custo de plataformas ROV ("Remotely Operated Vehicle") usadas no contexto de investigação oceanográfica, sendo operada, com ligação por cabo umbilical (de recolha e comunicações) e com colocação manual a partir de embarcações de pequena dimensão, inclusive pequenos pesqueiros. É composta por uma estrutura vertical em aço, com estabilizadores, tendo acoplados os sensores electro-ópticos (com 2 camaras, vídeo 4K e "life feed"), iluminação, telemetria laser, as suas baterias e, eventualmente, outro equipamento de análise e recolha de dados. Opera como um sistema de deriva ("drift") sem propulsão própria - lançado a partir de uma embarcação, seguindo à deriva, gravando imagens e dados, sendo depois recuperado pelo cabo que o une.
Esta plataforma, em termos do seu uso e detalhe técnico-operacional, foi alvo de publicação científica pela norte-americana "Trends in Ecology & Evolution" (TREE), no artigo "Democratizing deep-sea research for biodiversity conservation" de 10 de Outubro de 2025, por Telmo Morato et al; e antes, no Volume 12, Edição 8 de Agosto de 2021 (p. 1343-1358), na britânica "Methods in Ecology and Evolution" da British Ecological Society, no artigo "A cost-effective video system for a rapid appraisal of deep-sea benthic habitats: The Azor drift-cam", por Carlos Dominguez-Carrió, Jorge Fontes e Telmo Morato.
O OKEANOS foi criado em 2011, impulsionado por um grupo de investigadores liderados pelo Prof. Doutor Ricardo Serrão Santos juntamente com Prof. Doutor Telmo Morato, Prof. Doutor João Gonçalves, Prof. Doutor Ascensão Ravara e outros cientistas, resultando da integração do antigo Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) e de investigadores do IMAR – Instituto do Mar, consolidando a experiência científica acumulada desde a década de 1980. A equipa de investigação do mar profundo do OKEANOS ("Azores Deep Sea Research") é liderada pelos investigadores Prof. Doutor Telmo Morato e Prof.ª Doutora Marina Carreiro-Silva.










Fotos via ROLEX - Iniciativa "Perpetual Planet" (Açores, Agosto de 2024)

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