Blindados Jugoslavos e forças Sérvias em combate contra forças Croatas durante a Guerra de Independência da Croácia


Balcãs 
26 de Agosto de 1991

Uma posição das forças jugoslavas e milícias territoriais sérvias, a 26 de Agosto de 1991, no decurso da Guerra de Independência da Croácia, com uma viatura blindada de combate de infantaria de lagartas OT M-60 PB (com dois canhões sem recuo M60 de 82 mm no topo do chassis) e um carro de combate T-55 (com peça de 100 mm e metralhadora pesada DShK de 12,7 mm sobre a torre) dos meios das forças Jugoslavas. O T-55 estava aqui em uso suprimindo fogo de morteiros e de atiradores croatas sobre estas posições.

A OT M-60 trata-se do primeiro blindado de desenvolvimento jugoslavo com produção em série, em que OT representa a expressão "Oklopni Transporter" — "Viatura Blindada de Transporte de Pessoal" — e o M-60 refere-se ao ano do modelo (1960), após o protótipo Obj M-590. Com uma massa de 11 toneladas, 5 metros de comprimento, 2,7 metros de largura e 1,8 metros de altura, estava armada, na versão base, com uma metralhadora pesada e, no modelo PB ("Poboljšani Borbeni", Melhorado Combate) aqui referenciado, introduzido em 1972, com dois canhões sem recuo de 82 mm M60, também de produção jugoslava.

O canhão sem recuo M60, desenvolvido na Jugoslávia durante os anos 1960, opera com um sistema de disparo por carga propelente única, com recuperação de gases como compensador de recuo, lançando projécteis de 82 mm com uma velocidade inicial de aproximadamente 388 m/s, eficaz a distâncias até 500 metros contra alvos blindados ou fortificações (máximo a 1 000 metros). A arma tem um alcance máximo indirecto de cerca de 4 700 metros.

O T-55, com uma massa de 36 toneladas, conta com uma peça estriada D-10T de 100 mm (com 43 munições armazenadas); com uma metralhadora coaxial PKT em calibre 7,62 mm (com 3 500 munições); e com metralhadora pesada DShKM em calibre 12,7x108 mm sobre a torre (com 300 munições). Tem um alcance operacional de 500 km e pode alcançar uma velocidade máxima de 50 km/h. Foi produzido na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) entre 1955 e 1981 e, sob licença, na Jugoslávia, na fábrica Đuro Đaković (em Slavonski Brod, actual Croácia).

O Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (Kraljevina Srba, Hrvata i Slovenaca), foi formalmente proclamado a 1 de Dezembro de 1918, em Belgrado. Viria a constituir-se em 1929 como o Reino da Jugoslávia (Kraljevina Jugoslavija), denotando um esforço para suprimir divisões étnicas e regionalismos. Jugoslávia significa literalmente “terra dos eslavos do Sul”.
Com origem no pós-Segunda Guerra Mundial, a Jugoslávia foi estabelecida em 1945 sob liderança de Josip Broz Tito (comandante das forças de "partisans" locais durante a Segunda Guerra Mundial) como uma federação socialista composta por seis repúblicas (Eslovénia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia, Montenegro e Macedónia), mantendo-se fora do Pacto de Varsóvia e seguindo uma política de não-alinhamento em relação à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, sendo, aliás, um dos cinco estados centrais fundadores (a par da Índia, Egipto, Gana e Indonésia) do Movimento dos Não-Alinhados, formalizado em 1961, precisamente em Belgrado, a capital jugoslava.

A desintegração da Jugoslávia teve início após a morte de Josip Broz Tito em 1980, com tensões internas entre as repúblicas, agravadas por crises económicas e disputas administrativas. A 25 de Junho de 1991, Eslovénia e Croácia declararam independência, levando ao início de conflitos armados. A Eslovénia enfrentou o Exército Popular Jugoslavo ("Jugoslovenska Narodna Armija", JNA) na chamada Guerra dos Dez Dias (Junho–Julho de 1991); a Croácia enfrentou o JNA e forças/milícias sérvias locais entre 1991 e 1995; a Bósnia e Herzegovina registou guerra entre 1992 e 1995; e, mais tarde, a província do Kosovo foi palco de conflito entre 1998 e 1999. Estes confrontos envolveram o JNA, exércitos recém-formados das repúblicas e formações paramilitares locais, resultando na dissolução da República Federal Socialista da Jugoslávia e na formação de vários Estados independentes na região.

Em 1992, a República Federativa Socialista da Jugoslávia foi substituída pela República Federativa da Jugoslávia; em 2003, esta adoptou o nome Sérvia e Montenegro; e em 2006, com a independência de Montenegro, a Sérvia manteve-se independente e como Estado sucessor reconhecido internacionalmente.

Actualmente, os territórios das antigas repúblicas jugoslavas estão divididos em sete Estados independentes: Eslovénia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Macedónia do Norte (nome adoptado oficialmente em 2019 após acordo com a Grécia) e Kosovo (que declarou independência unilateral em 2008, parcialmente reconhecida a nível internacional). Cada um destes Estados seguiu trajectórias políticas, económicas e militares distintas, com Eslovénia e Croácia integradas na União Europeia e na NATO, Montenegro e Macedónia do Norte membros da NATO e candidatos à União Europeia, Bósnia e Herzegovina com estatuto de candidato potencial, e Kosovo com reconhecimento limitado e presença internacional sob mandato parcial da ONU e da União Europeia.

No agregado dos conflitos que ocorreram entre 1991 e 2001 nas várias repúblicas que compunham a antiga Jugoslávia, perderam a vida aproximadamente 130 a 140 mil pessoas, das quais cerca de 60 a 70% eram civis. Levou a mais de 4 milhões de desalojados e deslocados numa população total, em 1991, de 23 a 24 milhões de habitantes.





Fotos por Cynthia Johnson



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