OPERAÇÃO "CARLOTA" - CUBANOS EM ANGOLA


Angola
1975-1991

Em Dezembro de 1964, o alto responsável do governo cubano Ernesto "Che" Guevara estabeleceu em Brazzaville (Congo) um acordo com os responsáveis máximos do "Movimento Popular de Libertação de Angola", MPLA (Agostinho Neto, Lúcio Lara e Luís de Azevedo), para garantir o envio para o Congo de formadores e consultores das forças armadas de Cuba, com especial incidência para suportar duas frentes de combate do MPLA contra as Forças Armadas de Portugal - Dembo e Nambuangongo, a cerca de 100 Km a Nordeste de Luanda; e em Cabinda, na Província Ultramarina de Angola.

Já após o golpe de estado de 25 de Abril de 1974, que faz terminar a Guerra do Ultramar e determina a independência das províncias, e com a data de independência daquele território agendada para 11 de Novembro de 1975, Angola mergulha numa intensa guerra-civil entre o MPLA, a FNLA (Frente Nacional para a Libertação de Angola, liderada por Holden Ruberto) e a UNITA (União Nacional para a Independência de Angola, liderada por Jonas Malheiro Savimbi). A 2 e 3 de Novembro, em Catengue (Benguela), 400 Km a sul de Luanda, militares cubanos e forças do MPLA enfrentam militares sul-africanos ("Task Force Zulu" - "Operation Savannah"), e sofrem uma pesada derrota, sendo forçados a retirar do Centro de Instrução de Recruta (CIR) de Benguela.

Em resultado desta derrota, e do avanço de importantes meios Sul-Africanos rumo a Luanda, o governo Cubano e o MPLA iniciam, a 5 de Novembro de 1975, a "Operação Carlota", uma intensa ponte aérea (e, mais tarde, também naval) que, a 9 de Novembro de 1975, fazia chegar a Luanda uma primeira companhia do Batalhão de de Operações Especiais do Ministério do Interior de Havana bem como mais material (morteiros, armamento anti-carro) e elementos militares de artilharia e em armas-pesadas (em particular com a especialidade de operadores de BM-21 "Grad", lançadores de foguetes múltiplos, com alcance de 20km e disparando salvas de 40 foguetes de 122mm - equipamentos fornecidos em Setembro ao MPLA pela URSS, mas carentes de operadores especializados). Foram todos estes meios altamente determinantes, em primeira e em segunda linha, na Batalha de Quifangondo, a 10 de Novembro, na província de Luanda - literalmente na véspera da data agendada para a assinatura da Independência - que permitiram ao MPLA garantir a defesa da capital.

A foto documenta especialistas cubanos, ali liderados, na qualidade de "Jefe de Pieza", por Nelson Rodríguez Fernández, na operação dos BM-21 "Grad" na Batalha do Ebo, Cuanza-Sul, aproximadamente 300 Km a Sudeste de Luanda, a 23 de Novembro 1975, 12 dias após a declaração de Independência.

Entre Novembro de 1975 e Março de 1976, Luanda iria receber, por via aérea e por via marítima, 36 000 operacionais das Forças Armadas de Cuba, bem como o mais diverso material pesado (carros de combate, artilharia, aviação, etc), parte da Operação "Carlota" - que se iria estender até Maio de 1991.

O nome "Carlota" dado a esta operação de ajuda ao MPLA pelas forças cubanas, foi uma escolha do líder cubano, Fidel Castro Ruz, recordando o nome de uma escrava de origem africana que liderou uma revolta na ilha de Cuba, em 1843.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

SUBMARINO ESPANHOL DISPARA TORPEDOS DE ENSAIO

"DRONE" DE FABRICO PORTUGUÊS NA UCRÂNIA

"Leopard" cedidos por Portugal à Ucrânia em transporte rumo à Alemanha a bordo de Antonov An-124