Movimento "Houthi" ataca petroleiro de 150 000 toneladas no Mar Vermelho

Mar Vermelho
22 de Agosto de 2024

Após haver sido abandonado pelos 29 elementos da respectiva tripulação, e resgatados no Mar Vermelho pela fragata "Chevalier Paul" (621) da classe "Horizon" da Marinha Francesa, o navio-petroleiro "Sounion" (IMO 9312145), de 2006, um "SUEZMAX" de 150 000 toneladas e 274 metros, de pavilhão grego e operado pela companhia grega "Delta Tankers", foi alvo de ataque continuado pelo "Movimento Houthi" com deflagração de várias cargas explosivas a 22 de Agosto de 2024.

O petroleiro grego "Sounion" havia largado do terminal petrolífero iraquiano de Bassorá ("ٱلْبَصْرَة"), no extremo norte do Golfo Pérsico, a 12 de Agosto de 2024, transportando crude, e foi inicialmente atacado pelo "Movimento Houthi", a 21 de Agosto de 2024 (02:57 UTC), navegando já no Mar Vermelho, a cerca de 77 milhas náuticas a oeste da cidade portuária Al Hudaydah ("الْحُدَيْدَة"), na costa ocidental do Iémen, por duas embarcações tripuladas (uma com 3 a 5 elementos; e outra com cerca de 1 dezena) e por uma embarcação não tripulada. O ataque resulta em vários impactos, de projecteis de armas ligeiras e, pelas 05:00 UTC com impacto de duas cargas não identificadas. Pelas 05:49 UTC, com impacto de mais uma carga, o navio acumula danos nos seus elementos eléctricos e de motor e deflagra incêndio a bordo, na casa das máquinas.

A tripulação (25 elementos de nacionalidade Filipina e Russa e um destacamento de segurança privada de 4 elementos) decide ancorar o navio e abandonar o mesmo. Seriam recolhidos, a 22 de Agosto de 2024, pela fragata "Chevalier Paul" (621) da Marinha Francesa, a operar no contexto da operação ASPIDES da União Europeia, e transportados para Djibouti. No decurso da acção esta fragata viria a destruir, com disparos de 20 mm de uma das suas plataformas "Narwhal", uma embarcação não tripulada de ataque.

A fragata "Chevalier Paul" (621) da classe "Horizon" da Marinha Francesa, sob comando do (OF5) "Capitaine de Vaisseau" Jean-Ythier Verly, cruzou o canal do Suez a 16 de Agosto de 2024 e integrou assim o Teatro de Operações da Operação "Aspides", lançada a 19 de Fevereiro de 2024 pela Força Naval da União Europeia (EUNAVFOR), visa a protecção das rotas marítimas no contexto da Resolução n.º 2722 de 10 de Janeiro de 2024 do Conselho de Segurança das Nações Unidas

As forças Ansar Allah ("أَنْصَار ٱللَّٰه", "Apoiantes de Deus"), conhecidas popularmente por "Movimento Houthi" ("ٱلْحُوثِيُّون"), com origens na década de 1990, levou a efeito uma grande ofensiva militar em 2014, tomando a capital Sanaa, e derrubando o governo central do Iémen, liderado por Abdrabbuh Mansur Hadi ("عبدربه منصور هادي"). Tem lugar, em 2015, uma contra-intervenção militar, apoiada pela Arábia Saudita, visando a reposição do governo e a contenção do "Movimento Houthi". Esta intervenção não alcançou os seus objectivos, estando o Iémen numa situação de impasse e de conflito aberto, mantendo-se o controlo da capital e da parte ocidental do Iémen por parte do "Movimento Houthi".

O "Movimento Houthi" declarou, em referência a esta acção (e com várias outras registadas, do mesmo padrão, nos últimos meses), que prossegue uma campanha militar de retaliação face ao conflito entre as Forças de Israel e as Forças do Hamas, em Gaza, com ataques sobre navios no Mar Vermelho, Golfo de Adém e Oceano Índico, em particular sobre aqueles que aponta terem relações com Israel, Estados Unidos e Reino Unido, ou que naveguem ocultado a sua identidade e localização.

Vídeo das Forças Armadas do "Movimento Houthi"

Impactos de disparos de 20 mm de uma das plataformas "Narwhal" da fragata "Chevalier Paul" (621) da Marinha Francesa, sobre uma embarcação não tripulada de ataque do "Movimento Houthi", Mar Vermelho, 22Ago2024. Foto via Forças Armadas Francesas