BATALHA DE KOLWEZI
Kolwezi, Zaire
18 a 22 de Maio de 1978A Batalha de Kolwezi teve lugar na cidade do mesmo nome, na região mineira da província de Shaba (Katanga), no Sudeste do Zaire (actual República Democrática do Congo), entre 18 a 22 de Maio de 1978.
No decurso da II Guerra do Shaba, entre Maio e Junho de 1978, 3 a 4 mil elementos da Frente de Libertação Nacional do Congo ("Front de Libération Nationale Congolaise", FNLC), organizados em 11 batalhões, desencadeiam a Operação "Colombe", passam a fronteira, com apoio de Forças Cubanas, a partir de Angola, atravessando a Zâmbia, entrando no Zaire e ocupando, entre outros pontos, a cidade de Kolwezi, visando, assim, alcançar a separação independentista da província de Shaba. O regime do Zaire, liderado por Mobutu Sese Seko, pede ajuda internacional ao mesmo tempo que se agudizam as informações sobre sequestros e massacres na cidade.
A batalha envolveu a Operação "Bonite" (conhecida também por "Léopard" no Zaire), conduzida pelas Forças Armadas Francesas, e a Operação "Red Bean", conduzida pelas Forças Armadas Belgas, visando controlar a área urbana de Kolwezi, de cerca de 40 km2 e com 100 000 habitantes, o respectivo aeroporto (a cerca de 6 km do centro) e de resgatar 2 200 europeus e 3 000 africanos. O efectivo francês foi composto por operacionais do 2.º Regimento de Paraquedistas da Legião Estrangeira ("2e régiment étranger de parachutistes", 2e REP), sob comando do Tenente-Coronel Phillipe Erulin, e o efectivo belga por operacionais do Regimento de Paracomandos, sob comando do Coronel Henri J. G. "Rik" Depoorter.
A 17 de Maio os militares franceses são transportados de França para Kinshasa, capital do Zaire, onde chegam a 18 de Maio. A bordo de quatro C-130 Hercules das Forças Armadas do Zaire, uma primeira vaga de paraquedistas da Legião parte, pelas 10h40 de dia 19 de Maio, rumo a Kolwezi, a cerca de 1300 km a Sudeste da capital. Com um efectivo de 405 homens (unidade de comando e três companhias), os legionários saltam, pelas 15h15, a uma altitude de 250 metros e rapidamente estão envolvidos em combate na cidade (com baixas entre o seu efectivo ainda no processo de descida). No decurso dos combates os Legionários recorrem aos seus atiradores especiais, munidos de espingardas de precisão FR F1, tendo alcançando com sucesso objectivos até 300 metros. Estas mesmas forças acabam por ser atacadas por uma viatura blindada Panhard AML 60 (capturada) ao serviço da FNLC - conseguindo anular a mesma com uso de lança-granadas foguete LRAC F1.
Em paralelo, as forças belgas partem, na tarde de 18 de Maio, nos respectivos C-130 Hercules da base aérea de Melsbroek (a Nordeste de Bruxelas) rumo à base aérea de Kamina (uma antiga base belga), a cerca de 225 Km a Norte de Kolwezi, onde chegam a 19 de Maio. É a partir desta base que lançam, pelas 05h50 de 20 de Maio, uma operação de aterragem de combate com os seus oito C-130, em duas vagas sucessivas de quatro aeronaves ("full flaps", rampas pré-descidas), conseguindo, em poucos minutos, colocar 600 efectivos equipados no aeroporto de Kolwezi. Neste mesmo dia 20 de Maio, pelas 6h30, tem lugar a descida de uma segunda vaga de paraquedistas franceses, compreendendo 250 efectivos. Com o decurso do dia o efectivo belga é reforçado até aos 1 180 elementos, bem como com viaturas.
Com o controlo crescente da cidade, sendo tomados pelo 2e REP o Liceu Jean XXIII, o Hospital, a Fábrica Gecamines e o Hotel Impala (quartel general da FNLC), entre o final da noite de 19 de Maio (envolvendo combates nocturnos e vários contra-ataques da FNLC) e o dia seguinte, 20 de Maio, dá-se o controlo táctico da região e têm já lugar as primeiras evacuações a partir do aeroporto.
É ainda a 20 de Maio que tem lugar o confronto mais intenso desta batalha, em Metal Shaba, a cerca de 5 km do centro da cidade, onde os Legionários viriam a enfrentar, ao longo de várias horas, mais de 1 centena de operacionais bem equipados da FNLC, envolvendo armas pesadas e viaturas de transporte.
Estima-se que entre 60-170 europeus e 100-700 africanos foram massacrados em Kolwezi. As forças da FNLC terão perdido mais de 250 efectivos e 160 foram feitos prisioneiros. As forças francesas registaram 5 mortos e 20 feridos. As forças belgas registaram 1 morto. Foram resgatadas mais de 5 000 pessoas.
Mapas via "Shaba II: The French and Belgian Intervention in Zaire in 1978", por TenCor Thomas P. Odom, Combat Studies Institute; Fotos via OSINT; Composição e edição por "Espada & Escudo"
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